Novo Ensino Médio traz desafio de implementação para redes de ensino e escolas

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Texto atualizado em 11/07/2024.


Com a aprovação do Novo Ensino Médio em 2017, que promoveu mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituições de todo o país passaram a rever os conteúdos que seriam ensinados no último ciclo da educação básica


Porém, houve muitas críticas ao modelo adotado que levou a reestruturação do Novo Ensino Médio, aprovado pelo Câmara dos Deputados no dia 09 de junho de 2024. 

Novo Ensino Médio: o que muda?

De acordo com o documento, as instituições de ensino deverão aplicar todas as regras a partir de 2025, e os estudantes que já estiverem cursando o ensino médio terão um tempo de adaptação.  


A antiga grade do Novo Ensino Médio ampliou a carga horária de 2.400 para 3.000 horas ao longo dos três anos da etapa de ensino. Tal carga horária estava dividida da seguinte forma:



Com a nova grade, ou seja, a aprovada em 2024, a carga horária continua sendo 3.000 horas ao longo dos três anos do ciclo, mas, o que muda é a redistribuição, ficando da seguinte forma:


  • 2.400 são destinadas à formação básica 

  • 600 horas de aulas de itinerários formativos.


As disciplinas obrigatórias continuarão as mesmas, ou seja: Português, Inglês, Artes, Educação física, Matemática, Biologia, Física, Química, Filosofia, Geografia, História e Sociologia. O Espanhol fica como ensino facultativo para as escolas.

O que são os itinerários formativos?

Os itinerários formativos são conjuntos de disciplinas, projetos, oficinas e outras atividades oferecidas aos alunos do Ensino Médio, além das disciplinas obrigatórias. Eles permitem que os estudantes aprofundem seus conhecimentos em áreas específicas de interesse.


Os itinerários devem se concentrar em uma área do conhecimento (ciências da natureza, ciências humanas, linguagens ou matemática) ou em formação técnica e profissional. Assim, com a nova mudança, cada rede de ensino deverá ofertar no mínimo dois itinerários (exceto aquelas que oferecem ensino técnico).


Além disso, as disciplinas optativas no ensino médio deverão estar relacionadas a um dos quatro itinerários formativos:

  • Linguagens e suas tecnologias;

  • Matemática e suas tecnologias;

  • Ciências da natureza e suas tecnologias;

  • Ciências humanas e sociais aplicadas.

Vale ressaltar que cada escola terá autonomia para determinar quais itinerários formativos irá ofertar de acordo com a relevância para o contexto local e a viabilidade na rede de ensino a qual pertence. 

Quando o Novo Ensino Médio entra em vigor?

A previsão é de que o novo projeto aprovado estabeleça a aplicação de todas as mudanças já para 2025 no caso de estudantes que irão ingressar no ensino médio. Já aqueles que estiverem cursando o ciclo, terão um período de adaptação.

O ENEM será alterado?

A previsão é de que o Enem seja adequado ao novo ensino médio em 2027. Assim, o exame deverá prever conteúdos das disciplinas obrigatórias e dos itinerários. 

A opinião de especialistas sobre a atualização do Novo Ensino Médio

Entidades como Todos Pela Educação, uma organização da sociedade civil com um único objetivo: mudar para valer a qualidade da Educação Básica no Brasil, vê positivamente o aumento da carga horária obrigatória, pois ela cobre conteúdos essenciais para vestibulares e processos seletivos.


Além disso, ela considera que a obrigatoriedade do itinerário formativo focar em áreas específicas pode melhorar a organização das disciplinas ofertadas.


Em entrevista para a Folha de São Paulo, Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos Pela Educação, diz que os estados terão um respiro para analisar e introduzir os novos procedimentos. Porém, ele afirma que há coisas impossíveis de serem aplicadas em 2025. 


"A parte da carga horária é mais viável. Difícil é realizar as mudanças nos itinerários. Envolveria mudanças nos materiais, contratação e alocação de professores, coisas que exigem tempo. Por isso, deveria ficar para 2026", afirma.